quarta-feira, junho 21, 2006

Óbidos - Mercado Medieval

Desde 2002 que Óbidos, assumidamente, faz uma viagem ao passado. O Mercado Medieval é, sem dúvida, um dos grandes eventos de Óbidos.

Neste “mergulho na História”, Óbidos voa para outras épocas. Com o castelo como pano de fundo, centenas de actores e figurantes, vestidos a rigor, fazem as delícias de todos aqueles que aqui passam. Pelas ruas da Vila encontram-se personagens, feirantes, almocreves, malabaristas, bailarinas, jograis, músicos, lutadores, nobres, mendigos e até as pobres vítimas da peste…

Os milhares de visitantes vivem o passado de uma forma atractiva e saboreiam as verdadeiras delícias distribuídas pelas várias tasquinhas presentes no Mercado Medieval. Para além dos espectáculos, o visitante é confrontado com episódios burlescos, escaramuças com guerreiros, entre muitas outras peripécias…
Espalhados pelo recinto estão dezenas de artesãos que, ao vivo, mostram a sua arte. Por meia dúzia de Torreões (a moeda oficial do Mercado), os visitantes podem comprar de tudo um pouco desde trajes da época, passando por sapatos, jóias, ou as tradicionais mezinhas…

Horário de Abertura:
Dia 13 – 18h00 até às 24h00
Dias 15, 16, 22 e 23 – 12h00 até às 24h00
Dias 14,17,18,19,20,21 – 15h00 até às 24h00

AnimaçãoTema
Visita RégiaRecriação de visita régia que englobará diversas actividades de que se destacam: torneios a cavalo e apeados, cortejos diurnos e nocturnos, concertos de música, peças teatrais, ceias animadas, cenas de corte, exibições de falcoaria, entre outros.

Horário de início de animação:
Fins-de-semana – 15h00
Dias de Semana – 18h00
Valor de Entradas – €3,00
Entrada gratuita a visitantes trajados à época;
Entrada gratuita a crianças até aos 11 anos de idade;

sexta-feira, junho 16, 2006

Núcleo de Estudantes de Animação Sociocultural E.S.E.Guarda

Temos novos links no nosso blog e recomendo particularmente que visitem o do Núcleo de Estudantes de Animação Sociocultural E.S.E.Guarda .
"O Núcleo de Estudantes de Animação Sociocultural da ESEG,representa e defende os estudantes de Animação, e tem a tarefa de divulgar o curso. Temos também o interesse de promover a discusão em torno de todos os temas de interesse estudantil. "ANIMAR para EDUCAR"... Estudamos o Passado,vivemos o Presente,construimos o Futuro"

segunda-feira, junho 05, 2006

O Fenómeno dos Blogues.

Escola Superior de Educação de Beja
Curso de Animação Sociocultural
2º Ano
Disciplina: Oficinas de Animação Comunitária II
Professor: Dr. José Conde
Aluno: Carlos Manuel Viegas da Conceição
Nº 3190
______________
O Fenómeno dos Blogues.

Para falar de Blogues é necessário primeiro responder a algumas perguntas básicas para tentar entender o fenómeno. Assim:

O que são blogues?

Aqui está a definição do Whatis.com

Um Weblog (às vezes escrito como 'web log' ou 'weblog' [ou 'blog']) é um web site de origem pessoal ou não-comercial que usa um formato de registo datado e que é actualizado diariamente ou com muita frequência com nova informação sobre um determinado tópico ou vários tópicos. A informação pode ser escrita pelo dono do site, recolhida de outros web sites ou fontes, ou contribuída por utilizadores... Um web log tem muitas vezes a qualidade de ser um tipo de 'registo dos nossos tempos' através de uma certa perspectiva. Geralmente, os Weblogs são dedicados a um ou mais assuntos ou temas, normalmente de interesse tópico, e, geralmente, pode ser entendido como comentários em desenvolvimento, individuais ou colectivos nos seus temas. Um Weblog pode consistir nas ideias registadas de um indivíduo (um tipo de diário) ou ser uma complexa colaboração aberta a qualquer pessoa. A maioria destes últimos são discussões moderadas..."

Na sua forma mais simples, um blog consiste numa série de entradas de texto intituladas e com selo temporal. Funcionalidades adicionais incluem: apontadores para outros web sites, formatação avançada, gráficos de informação, áudio ou vídeo, documentos para download, comentários, conversa em tempo real, capacidade de pesquisa interna/externa, subscrição de newsletter, linha noticiosa, sindicância, categorias e arquivo de conteúdo.

Outras definições.

Um weblog ou simplesmente blog, como também é conhecido, é um jornal informal e pessoal publicado publicamente na web. É actualizado frequentemente, algumas vezes diariamente ou várias vezes por semana.

Um blogue simples consiste num número de entradas ou items. Cada item tem um título, uma pequena descrição, um URL, o nome do autor e a data. blogues mais sofisticados podem conter mais informação tais como categorias ou links múltiplos.

O autor de um blogue é chamado bloguer e até existe o verbo inglês "to blog" e em português já se usam várias expressões derivadas.

Há dois tipos de blogues - blogues pessoais (descritos anteriormente) e blogues de informação. O objectivo de um blogue de informação é comentar e apontar fontes da web num determinado tópico - o tópico pode ser muito específico ou mais vasto em função dos interesses dos bloguers ou bloguistas

Tal como se têm blogues pessoais, é possível ter blogues partilhados onde várias pessoas ou uma equipa contribuem para um único blogue.

Para que podem ser usados?

Os blogues representam uma forma simples de comunicar electronicamente os seus pensamentos, ideias e recursos. O interface relativamente simples torna os blogues acessíveis a todos os utilizadores de Internet (e/ou Intranet). O facto de que o indivíduo controla o quê, como e quando o conteúdo é publicado, permite um grau de liberdade que não tem estado disponível à maioria dos utilizadores da Internet. Comunidades de indivíduos com interesses comuns podem-se formar muito rapidamente. O contágio de ideias e a partilha de informação acontecem à velocidade da luz.

Os blogues têm algumas limitações? Quais e porquê?

Os blogues representam uma forma de comunicar. Por natureza e desenho, as entradas nos blogues são concisas. Isto limita o que é publicável.

O que irá suceder aos blogues?

A comunicação inter-pessoal e a tecnologia de informação irão continuar a convergir e evoluir rapidamente. Os avanços tanto na tecnologia móvel como no interface de utilização vão alterar radicalmente a forma como as pessoas comunicam e trocam informação - as fronteiras de tempo e espaço continuarão a desaparecer. Uma ideia do que isto significa no futuro pode encontrar-se no texto Smart Mobs de Howard Rheingold (http://www.smartmobs.com/). Para além dos reais benefícios, estes avanços irão colocar novas desafios aos nossos direitos, à nossa ética, e ao balanço entre a nossa vida pessoal e profissional.

O que é necessário para criar um blogue?

-Algo para dizer e/ou partilhar.
-Tempo e acesso a um computador.
-Uma conta ou software de bloguing.

Entre as ferramentas comuns de bloguing encontram-se:
-Blogger(http://www.blogger.com/)
-RadioUserland(http://radio.userland.com/)
-Movable Type (http://www.movabletype.org/

Blogs na Gestão do Conhecimento


Desde que a Internet se tornou uma ferramenta do trabalho quotidiano, muitas transformações ocorreram nas dinâmicas de produção, partilha e disponibilidade do conhecimento nas empresas. A facilidade de comunicação instantânea e as possibilidades de trabalho em grupo nunca antes experimentado, trouxeram para o ambiente organizacional novas possibilidades através da exploração do conhecimento criado através dessas interacções. A Xerox por exemplo foi pioneira na criação de comunidades de prática baseadas em tecnologia web. Dessa experiência a empresa não somente ganhou em produtividade, melhor administração de sua base de conhecimento, redução de custos, mas também produziu produtos de software através do”know-how” adquirido.

As implicações dessa nova dinâmica fizeram com que empresas procurassem progressivamente metodologias como a gestão do conhecimento que também foi em boa parte impulsionada pelos novos recursos de software, hardware e comunicações emergentes durante o "boom" da grande rede. Porém ainda não temos a "A SOLUÇÃO" de gestão do conhecimento por inúmeros factores dentre os quais poderíamos salientar o "distanciamento das pessoas" de tecnologias que são criadas para elas, mas não por elas.

Eis que novamente na “!Web” surge algo novo, baseado num "velho conceito" que pode revolucionar não só a gestão do conhecimento mas também o jornalismo, relações públicas, o relacionamento empresa-cliente, a educação e os media de forma geral. Seu nome: BLOG.

Os Blogues - nome originado de Weblog que eram arquivos onde se registravam actividades de sistemas de computação - é uma ferramenta de publicação online de fácil utilização, onde qualquer pessoa através de um browser ou programa específico publica na Internet textos, poemas, insights e registros da sua aprendizagem diária. Esses são apresentados em ordem cronológica inversa, classificados em temas, assinados, com data de publicação, hora, etc. semelhante a um diário.

À primeira vista parece mais um "hype" da Internet, porém basta pesquisar a rede para constatar que mais do que uma ferramenta os Blogues constituem um novo modo de se "publicar" ou "explicitar", o conhecimento. Alguns futurologistas dizem que eles são para a Internet o que a imprensa de Gutemberg foi para a humanidade. Exageros à parte, é certo que o fenómeno blogue não deve ser ignorado Em todo mundo estima-se que existam mais de 1 milhão de blogues. Empresas como The New York Times e MSNBC adoptaram a tecnologia para publicar notícias com um toque mais informal. A Macromedia também utiliza os blogues para se relacionar com os clientes. O Google utiliza ferramenta semelhante aos Blogues na sua Intranet para incentivar os processos criativos e inovações. Universidades como a Kellog University promovem cursos de jornalismo onde os blogues são o assunto principal. Mais do que uma simples ferramenta os blogues encarnam o que Cristopher Locke prediz no Manifesto Cluetrain (http://www.cluetrain.com/) "o ressurgimento das vozes".

Mas para aqueles que não conhecem de perto os blogues a pergunta recorrente é "mas qual a vantagem adicional que essa tecnologia pode oferecer?". A pergunta é oportuna, visto que muitas outras tecnologias tidas como "as soluções" desapareceram tão rápido como um dia encantaram os incautos e críticos do sector da tecnologia. A resposta é simples: "liberdade de expressão, ausência de regras, voz humana". Os blogues são a expressão de seu dono ou "publisher". A liberdade de publicar o que se pensa, de conversar com o mundo, de partilhar o que se aprende é o grande diferencial em relação aos softwares existentes nas Intranets organizacionais. A ausência de filtros, do poder e controle, a livre expressão dá aos blogues o que há de mais humano e faz da "tecnologia" apenas um meio, assim como o telefone e outras tecnologias

O relevante é a possibilidade de interacção, de promoção de conversações vivas, de integração entre inteligências e colaboração entre pessoas. O blogue acaba por ser não só um meio de comunicação para com outras pessoas mas uma ferramenta para a gestão do conhecimento pessoal através dos média que pode evoluir rumo à concretização do conceito de Inteligência Colectiva (Pierre Lévy).

Finalmente, o Blogue não é "a ferramenta definitiva" mas da sua utilização e aperfeiçoamento de seu conceito de publicação simples, fácil e humana, poderão surgir as próximas gerações de tecnologias à serviço da gestão do conhecimento.

A fragmentação da informação a partir da multiplicação dos meios tecnológicos de comunicação traz a necessidade de uma nova maneira de lidar com o saber. Nomes de referência da comunicação apregoam: partilhe conhecimentos!, trabalhe em colaboração!, amplie seu reportório!, inove! Olhando para os lados, podemos ver na expressão dos ouvintes comentários como "ok, senhores, eu entendi. Até concordo. Mas o que devo fazer agora?".

Paralelamente a essa movimentação "top-down", podemos verificar o crescimento exponencial de uma ferramenta que pode levar à emergência de novos arranjos nas inteirações de saber, e eventualmente solucionar a problemática de viabilizar a partilha sem prejudicar o indivíduo. Estou falando dos weblogs.

Um weblog nada mais é do que um website com pequenas mensagens organizadas cronologicamente e com um interface de edição simplificada, através da qual seu autor pode inserir novos "posts" sem a necessidade de saber HTML. Estima-se que já existam cerca de um milhão de weblogs em todo o mundo.

John Robb, presidente e COO da Userland Software, disseminou o conceito de knowledge logs ou k-logs, ou seja, a utilização de weblogs no ambiente corporativo com a finalidade de estimular a colaboração e a organização pessoal do conhecimento. Mais do que uma mera publicação pessoal, um k-log pode ser encarado como um companheiro do processo de aprendizado e do trabalho quotidiano. A sua estruturação cronológica leva a uma existência paralela ao próprio decorrer da vida.

Quando a partilha de informação incorpora-se aos rituais diários - ler, clicar com o rato, digitar um pequeno comentário e pronto, está compartilhado - podemos constatar o surgimento de um novo tipo de relação com o conhecimento.

Uma das características marcantes dos k-logs é o que podemos chamar de catalisação de insights. Uma vez que temos a possibilidade de publicar, a cada momento, qualquer ideia, por menos estruturada ou viável que seja, e revisitá-la posteriormente, aceder aos comentários de terceiros e possivelmente reconstruí-la de acordo com novas condições, é criado um ambiente de inovação e aperfeiçoamento continuado. Podemos perceber também que a percepção de tempo se altera com a referência e a recuperação de posts passados. Se falarmos numa comunidade de webloggers interagindo livremente, esse efeito é potencializado. Por exemplo, eu posso usar um insight que outro weblogger teve há três meses para construir uma ideia hoje, e esta pode ser reaproveitada daqui a um ano. A interconexão de ideias de diferentes autores é um grande estímulo para uma cultura de colaboração, e com o tempo torna-se uma fonte de matéria-prima para a inovação.

Da mesma forma, a possibilidade de referir-se a pedaços de ideias como objectos em si (mais especificamente do que artigos, publicações ou obras completas) permite uma maior "manuseabilidade" das ideias de cada um, favorecendo ferramentas e criatividade. A chamada PKM, Gestão de Conhecimento Pessoal, encontra nos k-logs uma maneira de se realizar: arquivando informações à medida que elas aparecem e depois tendo a possibilidade de pesquisar por elas, contextualizá-las, agrupá-las em categorias e expandir seu significado.

A criação de comunidades de k-logs também mostra um caminho possível para outro desafio da Gestão do Conhecimento: a transformação de informação em conhecimento. Acredito que a contextualização em três direções - histórica, pelo formato cronológico dos weblogs, semântica, com a natural coerência nas opiniões e na escolha de assuntos do autor, e social, com a interação com outros webloggers, é fundamental para esse processo.

A comunidade desempenha um papel decisivo no sucesso de colectivos de k-loggers: mais do que a postagem individual de conteúdo, a consistência de uma comunidade online de klogs é dada pelos hyperlinks e comentários cruzados entre seus integrantes. Um colectivo de weblogs é uma maneira excelente para acompanhar um mundo em constantes transformações, através da integração e diálogo de diferentes pontos de vista em tempo real. Há um novo conceito de hierarquia, baseada no histórico de publicação e comentários de cada indivíduo. Além disso, novos membros da comunidade podem trilhar os weblogs dos mais experientes como verdadeiros guias para a aprendizagem.

Um blogue pode ser uma excelente ferramenta para o marketing pessoal, reflectindo a capacidade, os pontos de vista e a rede de contactos do seu autor. A abertura ao diálogo, o relacionamento directo com os leitores, a honestidade nos pontos de vista e a diversidade das fontes são alguns valores prezados para esse tipo de utilização.

Uma reflexão mais aprofundada sobre a utilização dos blogues pode levar o indivíduo a questionar: onde está minha mente, uma vez que minhas ideias espalham-se no espaço e no tempo, misturando-se com as ideias de outros? Podemos vislumbrar aí o sentido real da virtualização que Pierre Levy define como inteligência colectiva: uma base de circulação de informações que estende a capacidade da mente humana, e que pode ser utilizada como fonte comum que leva a diversas construções de significado, de acordo com a necessidade de cada um. O modo de produção de software livre segue, de certa maneira, essas premissas. A questão que precisamos enfrentar é transpor esse modo de produção para outras áreas do conhecimento. A utilização de blogues é um bom começo.

Os Blogs na imprensa

Alguns artigo sobre blogues:

Alegando tendência para difamação Autoridade quer acabar «blogs»

A Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) pretende acabar com os chamados «blogs», páginas de opinião muito em voga na Internet, alegando que estes sítios são frequentemente utlizados para difamação, afirmou ao EXPRESSO Online Pedro Amorim, especialista em direito para as novas tecnologias da informação.

O jurista falava à saída do seminário «Ciberlaw'2004», organizado pelo Centro Atlântico, que decorreu na terça-feira no Centro Cultural de Belém

«Os blogs estão cada vez mais a ter uma relação com o jornalismo, e prevê-se uma grande tendência para a difamação. O objectivo da ANACOM é acabar com a criação de "blogs" e espero que seja cumprido», disse Pedro Amorim.

Quando questionado acerca dos problemas que marcam a sociedade de informação, Pedro Amorim aponta os direitos de autor como um dos mais preocupantes - «será sempre um dos problemas do mundo digital. Mas isto leva também à tendência da segurança 'versus' liberdade de expressão, que vai ainda pôr em causa este último princípio».

A protecção dos consumidores é outra das preocupações, uma vez que eles «são os mais lesados, por exemplo, numa venda on-line. O consumidor é sempre a parte fraca».

«Devia haver apenas uma entidade para a defesa dos consumidores, contrariamente às "n" que existem», salientou. Pedro Amorim esteve presente no Seminário «Ciberlaw'2004», organizado pelo Centro Atlântico, que decorreu no Centro Cultural de Belém.

(In expresso Online – Edição 1752)


Várias facetas dos blogs em análise

A blogoesgfera é hoje uma realidade incontornável para a multidão de utilizadores da internet. Num abrir e fechar de olhos qualquer um pode construir o seu espaço na net, utilizando-o da forma que melhor entender de maneira positiva, dando informações ou trocando ideias, mas também muito negativamente, publicando notícias falsas ou denegrindo a imagem de pessoas e instituições.

Foi este tema bem actual, que serviu de mote ao debate organizado, em Coimbra, pelo curso de Ciências da Informação do Instituto Superior Miguel Torga, que contou com a presença de Carlos Esperança, autor do blog "Ponte Europa", Francisco Amaral, animador de rádio e editor o blog "Íntimia Fracção" e João Luís Campos, jornalista do JN.

Perante uma plateia de futuros jornalistas, a discussão acabaria por incidir sobre as semelhanças e as diferenças entre o jornalismo e esta nova realidade de comunicação, ao dispôr de todos.

Na sua maioria, os blogs abordam temas pessoais (diários) ou religiosos, políticos e desportivos. Mas nem todos são "honestos", como referiu Francisco Amaral e muitos praticam a mentira, denegrindo pessoas, com informações falsas. Mas todos estão sujeitos a receberem comentários de anónimos - ou de pseudónimos -, que também não respeitam pessoas e bens.

Embora os blogs não sejam uma prática jornalística, "não são um órgão de comunicação social, um jornal", podem ser "uma fonte de informação importante" para os jornalistas, como referiu João Luís Campos. Importa, depois, investigar se as informações dadas na internet correspondem a algo de concreto, de verídico.

Um "fenómeno" actual, que também pode ser perverso. Como referiu o jornalista, "para a Polícia Judiciária, tudo o que se escreve num blog é como uma carta anónima". Hoje, são cada vez mais os jornais que nas suas edições on-line incluem ligações para blogs.

Caso singular é o de Francisco Amaral , que tem um blog com o título do seu programa de rádio - "Íntima Fracção -, que desde 1984 divulga alguma da melhor música da rádio portuguesa, primeiro da RDP, depois na TSF, até 2002 e, agora, na Rádio Universidade de Coimbra. No seu blog, o radialista tem ao dispor do auditório desta "aldeia global" as emissões do programa, assim como os temas musicais que o ilustram. Mas também vídeos e outros "links" podem preencher estes espaços virtuais.

(In - Jornal de Noticias - Américo Sarmento)

O Sonho do Monstro – Parte II

O Que Faço Eu Aqui – Leonard Cohen

Não sei se o mundo mentiu
Eu menti
Não sei se o mundo conspirou contra o amor
Eu conspirei contra o amor
A atmosfera de tortura não é reconfortante
Eu torturei
Mesmo sem a nuvem como um cogumelo
Ainda assim eu teria odiado
Escutem
Eu teria feito as mesmas coisas
Mesmo que não houvesse morte
Não me deterei como um bêbedo
Sob a pancada fria dos factos
Eu recuso o álibi universal.

Como uma cabina de telefone vazia que cruzamos à noite
E recordamos
Como os espelhos do átrio de um cinema que consultamos
Apenas à saída
Como uma ninfomaníaca que se une a milhares
Numa estranha irmandade
Eu espero
Que cada um de vós confesse.

Os sonhos são um continente ainda por descobrir. Segundo alguns especialistas nós nunca paramos de sonhar. Tanto enquanto estamos a dormir, como quando estamos acordados. O que se passa é que acordados a nossa consciência tapa os sonhos. Como lanternas dentro de um quarto escuro, que se vêem a passarinhar. Mas no momento em que afastamos as pesadas cortinas e a luz do sol entra, deixamos de as ver. Elas estão lá, a sua luz existe, mas é engolida pela luz do sol – a nossa mente acordada.

Às vezes quando estamos absortos sonhamos acordados, os sonhos tornam-se mais visíveis. Chamamos-lhes pensamentos “piratas”, não sabemos de onde vêm, às vezes nem parecem nossos. Quando estamos muito cansados, febris, demasiado angustiados, medicados ou sob a influência de álcool ou estupefacientes temos delírios, visões, alucinações. Ao contrário do que é comum pensar-se, todos nós experimentamos estes delírios de vez em vez. É coisa normal. A maior parte das vezes são inócuos, esquecemo-los facilmente. Mas às vezes não. São poderosos. Imprimem na nossa memória imagens que não existem mas que são muito vívidas, que nos levam a considerar a sua realidade. E como as alucinações são muito oníricas é fácil torná-las numa coisa transcendental. Além disso a realidade engana-nos muitas vezes.

Já estive sentado num muro mais de cinco minutos a ver uma estranha criatura a fazer movimentos muito estranhos. Parecia-me uma fada. Se não tivesse ido lá ver, teria ficado com essa imagem para sempre. Era um saco de plástico preso a umas silvas, de tal forma, que parecia um corpo feminino com asas. Se eu tivesse bebido uns copos… tinha história. Se estivesse acompanhado por mais alguém na mesma situação, não só podia afirmar que tinha visto uma fada como teria uma testemunha abonatória. E as testemunhas são de importância capital. As testemunhas dão peso à história. E não podemos chamar mentirosos a toda a gente. Acredito que muitas das pessoas estão convencidas do que dizem. O problema é a falta de sentido crítico. De ajuizar a experiência porque se passa. Uma mentira contada repetidas vezes passa a ser uma verdade. E os seres humanos são crédulos – e se a fantasia lhes interessar mais crédulos se tornam.

Um homem vai a andar na rua. Uma rapariga bem vestida aborda-o. Diz-lhe, olhe deixou cair este colar. Não, não deixei, não é meu. Ela olha em volta. Então não sei. Convence-o a dividir o valor do colar, que parece ser valioso. Vão a uma joalharia para o avaliarem. O joalheiro diz que realmente o colar vale muito dinheiro. Saem. Ela diz-lhe que fique com a jóia, porque se vai embora para o estrangeiro e não pode tratar da venda. Dê-me duzentos euros e você fica com o colar. O colar vale bem mais. O homem pensa em oferecê-lo à mulher. Uma pechincha. Aceita. Vão ao Multibanco e levanta o dinheiro. Ela vai-se embora. Mais tarde o homem descobre que o colar é falso. Ela tinha um quase igual, mas sem valor e trocou-o. Má sorte. A magia é assim, depende da vontade do mago e da crença do cliente.

Existem milhares de casos de estranhas histórias “verdadeiras”, contadas por alguém que conhece quem viu, que afirma a pés juntos que é verdade, mas nas quais estranhamente não há provas. Nenhuma. E não falo só de provas materiais. Reparem nos ETs que nos visitam. Que dão aos seus escolhidos mensagens para distribuírem. “O fim do mundo vem aí.” “Têm que se amar e acabar com as guerras.” “Se acabarem com a camada de ozono vão-se extinguir.” Claro que é fixe eles preocuparem-se connosco, mas chateia-me que só tragam novidades que já conhecemos. Porque é que não nos avisaram da camada de ozono nos anos quarenta e cinquenta em que ninguém na terra ainda se preocupava com isso? Porque é que não nos avisaram do HIV quando ele estava no início e ainda não era uma grande preocupação? Não acham estranho os ETs se preocuparem e falarem sobre coisas que são da preocupação das pessoas da zona que visitam? Os avisos contra os comunistas na América dos anos cinquenta? E se estão tão preocupados connosco, porque é que nunca ninguém apareceu a dizer, tenho aqui uma nova tecnologia impossível de obter na terra e que é absolutamente limpa e vos vai dar um jeitão? E no entanto uma quantidade enorme de pessoas acredita que eles andam entre nós e que já foi visitada. Substituímos os demónios pelos Ets, porque a sociedade tecnológica assim o impôs. Mas eis que os demónios regressam.

Nossa Senhora já se fartou de visitar a Terra para agraciar pessoas com a sua presença e milagres. Esses milagres escaparam e escapam à prova. Mas mais importante do que isso é o conteúdo das mensagens. Há as apocalípticas. O mundo vai acabar em “data tal.” Arrependam-se. Se somarmos as vezes que o mundo já teria acabado (e apenas as datas que estão anotadas por gente fidedigna) isto já teria acabado várias vezes. Depois há as mensagens completamente provincianas. “Vai ter com as pessoas e diz-lhes que têm que pagar a dízima, não pecar, dizer duas ave-marias no dia de S. Bartolomeu e consertar o telhado da Igreja.” E zás, capela é construída no local da visita. Durante muito tempo em que a venda de objectos santos era um bom negócio, a nossa senhora aparecia a alguém a comunicar onde os podiam encontrar. E finalmente há as mensagens mais encorpadas. Mas que nós não sabemos se foram ouvidas pelas testemunhas do milagre ou cozinhadas depois pelos políticos em cena. Mas aqui, mais uma vez o estranho é a crença quase imediata da maioria.

Entre as alucinações que persistem e em que nós acreditamos, entre as pessoas com problemas mentais e que se convencem e convencem os outros, entre os aldrabões que se aperceberam que a ingenuidade é um filão a explorar, pode haver casos verdadeiros. Sou incapaz de o negar. Mas não tenho provas. Nunca vi nenhuma. Há coisas estranhas que já foram estudadas e compreendidas pela ciência. Outras que não. Mas uma coisa é certa. O facto de ser impossível provar a inexistência, não cria imediatamente uma existência.

Somos incapazes de utilizando apenas os sentidos apreender a realidade. Os nossos sentidos, por muito bons que sejam, são imperfeitos. Por vezes informam-nos de coisas erradas. Por isso temos que ser cépticos. Tentar destrinçar o que é sonho e o que é realidade. Temos ferramentas para o fazer. O método científico é uma delas. Porque não o fazemos? Porque somos tão facilmente levados? Porque é que aceitamos o sonho do monstro? Por causa da nossa herança educacional. E apenas a educação, uma nova educação, nos poderá libertar disto.

Imagem de H. R. Giger.

Publicado por "Provavelmente Talisca" no Blog
Mértola

O Sonho do Monstro – Parte I

A atrocidade é reconhecida tanto pela vítima como pelo perpetrador, por quem fica a conhecer o acto, por mais remoto que este seja. A atrocidade não tem desculpas, nenhum argumento mitigador. A atrocidade nunca equilibra ou rectifica o passado. A atrocidade meramente arma o futuro para mais atrocidades. Auto perpectua-se em si mesma – uma forma monstruosa de incesto. Quem cometer uma atrocidade também comete as futuras atrocidades criadas pela sua.
F. Herbert

Existe uma fina linha no manancial humano que a crítica parece não ter autorização para atravessar. “Não se fala mais disso.” “Essa conversa ofende-me.” “Quem é você para dizer isso?” Ouvimos isto muitas vezes. Quem faz perguntas. Quem quer esmiuçar um assunto para tentar trazer à luz os factos. Os factos são uma chatice. Os factos, muitas vezes, deitam por terra coisas muito enraizadas em nós e não as substituem por nada tão sólido. Deixam incertezas. E viver na incerteza é brutalmente difícil. E se acontecer todos os dias, pior. Pequeninos contra uma paisagem estrelar, agarramo-nos a um pai/mãe divino para prosseguirmos o caminho mais resguardados. Como aquele miúdo que tem que atravessar uma alameda escura e começa a assobiar. O assobio é um amuleto. Protege-o. De quê, ninguém sabe. É isso que é uma crença. A confiança absoluta em palavras que não podem ser provada, que nunca foram testadas, e que para podermos manter a crença não podem mesmo ser testadas.

Por outro lado, o método científico exige-nos que critiquemos todas as teorias, com cepticismo e desconfiança. Que as testemos até as destruirmos ou até podermos dizer que possivelmente isto ou aquilo é verdade. Mas aceitando sempre a possibilidade de que noutro lado do universo, esta nossa verdade não funcione. A ciência, tal como o homem é composta de falhas seguidas, de tactear no escuro, de bater contra paredes que se mostram impossíveis de escalar, de incertezas, de mais perguntas quando finalmente respondemos a uma, de espanto espiritual não religioso, de assombro pela maravilha mecânica das coisas. A ciência mantém-nos numa incerteza nervosa, procurando novas respostas. Desaponta-nos, quando já sonhamos com algo e nos é provado errado. É uma ferramenta extraordinária que nos permite ter aviões, pace-makers, operações aparentemente milagrosas, ver outros planetas. Usamo-la muitas vezes para maus fins, mas não é culpa da ciência, como alguns dizem, é culpa de homens descuidados e ignorantes.

Durante milhares de anos, o cepticismo e a crítica foram muito mal vistos pelo poder. Ainda hoje são, mas já não se queimam pessoas em praças públicas com tanta facilidade. Pensa-se que foram queimadas pela Igreja Católica quase meio milhão de mulheres acusadas de serem bruxas em toda a Europa. Desde a tenra idade até anciãs. Bastava para tal uma acusação. Depois arrancava-se a confissão por métodos que nem me apetece enumerar. A recolha de provas, o cruzamento de testemunhos, a experimentação para igualar resultados não era necessária nem desejada. Os poucos corajosos que tentaram fazer isso acabaram muitas vezes na fogueira a fazer companhia à bruxas. Mulheres que estavam a dormir com os seus maridos e eram acusadas de estar a fazer um ritual nos bosques eram queimadas à mesma. Um bispo simpático explicava ao marido que a mulher que estava pacificamente consigo na cama não era uma mulher. Era um demónio disfarçado. Era portanto impossível argumentar. Além disso a igreja confiscava os bens de todas as bruxas e familiares, o que tornava a coisa ainda mais perversa e mais apetecível. Se muita gente acreditava ter visto um demónio a voar sobre o telhado de uma casa, o facto passava a existir: se tanta gente diz que viu uma coisa, essa coisa tem por força que ser verdade. E a partir do momento em que há uma massa de gente suficiente, começa a ser quase perigoso duvidar do facto. “Oiça! Quem é você para duvidar?”

As mesmas pessoas que cospem na ciência quando esta diz que não fomos criados, mas que existe uma Lei da Evolução, são aquelas que utilizam os brinquedos que a ciência nos ofereceu, que usam as invenções médicas que existem porque há cientistas. Cientistas que acreditam no método científico e não em crenças. Que sabem calcular a superfície de sustentação que permite a um avião de mil toneladas levantar voo. Que podem calcular ao minuto um eclipse com tabelas matemáticas e que se recusam a fazer profecias absurdas sobre o fim do mundo ou a chegada do anti-cristo. Sempre achei estranho que os padres andassem de automóvel. O automóvel é um milagre da ciência, a mesma ciência que critica e nega uma enorme quantidade de coisas que está na Bíblia e em outros livros sagrados.

O santo sudário, as aparições, os milagres são investigados por duas linhas distintas de investigadores. Os Investigadores da Igreja e os Investigadores da Ciência. Alguns deles cristãos. Acontece sempre o mesmo. A Igreja arranja provas para o milagre que a ciência não encontra. A Igreja não precisa de experimentação, análise, procura de erro. A ciência precisa. E agora o mais estranho acontece. As vozes das massas viram-se contra a ciência. Chamam-lhe fria, afirmam que há coisas para as quais a razão não serve. Chamam-lhe a prova pela fé. Nunca vi nada em que não quisesse colocar as frias pinças da ciência. Tanto quero eu, como todas as pretensas bruxas que foram queimadas por esta ideia de que se pode provar coisas pela fé.

Durante muito tempo, demónios, dragões, fadas, espíritos e anjos passearam entre nós, dando bons e maus conselhos aos homens. Num mundo monótono, a fantasia e a alucinação criavam mitos que ficaram enraizados no nosso subconsciente. Quando o iluminismo apareceu, estas criaturas tornaram-se menos importantes e foram substituídas pelos extra-terrestres. Primeiro os marcianos, por causa da popularidade dos telescópios caseiros do Séc. XIX. Depois os discos voadores e os raptos feitos por alienígenas na América fulgurante e moderna do pós segunda guerra. Quando Marte se mostrou nua e Vénus uma caldeira incandescente, os OVNIS perderam alguma força. Os cientistas tinham mais uma vez desiludido os sonhadores. Mas não por muito tempo, pois quem entra numa livraria encontra uma panóplia de para-ciências inacreditável. Todas elas a prometerem maravilhas. São os anjos da guarda. Os cristais curadores. Os métodos da Dianética. Os espíritos bons. Um sem número de disciplinas que apenas têm uma coisa em comum. Não resistem ao método científico.

A má utilização da ciência tem criado atrocidades inomináveis. Mas não é a ciência que o faz. É o homem. O mesmo homem que utiliza a fé para ir criando outras tantas atrocidades. Compreendo a necessidade de crer em algo melhor e maior. De poder ter certezas para colocar os meus pés de forma firme em terreno bom. Quando sonho, quero atingir o mais alto possível, criar as minhas histórias sem limites de lógica, realidade, ou verdade. Mas quando quero transportar esses sonhos para coisas mais práticas, tenho de as experimentar, cortar, refazer, usando os recursos desta fantástica ferramenta que é a ciência. No dia em que me acusarem de ser um bruxo e puder escolher (oxalá possa) entre um tribunal de homens cépticos ou de homens de fé, não terei dúvidas. A ciência diz-me sempre que pode estar errada, que vai avançando de erro em erro, melhorando um pouco de cada vez. Que pode recuar e dizer amanhã que o que disse hoje estava errado. A ciência é humilde embora às vezes não o pareça. As religiões dizem que são a voz de Deus. “Na bíblia está toda a verdade.” Não há margem de manobra. Não se discute com Deus. Não é necessário experimentação, prova, porque não há razão para a prova. A verdade é a verdade. As religiões não são nada humildes embora professem a humildade.

Qual é a razão de algo tão ilógico como uma religião ter tantos seguidores? A razão encontra-se nos nossos sonhos, diz a ciência.

Imagem de Óleo de Paul Jaquays posteriormente trabalhado digitalmente.

Publicado por "Provavelmente Talisca" no Blog
Mértola

quinta-feira, junho 01, 2006

Entrega dos Relatórios

Segunda-feira dia 5 de Junho, eu e o Tiago disponibilizamo-nos para levar os relatórios a Évora.
Visto que temos frequência as 17h de Metodologias de Investigação, partimos cá de Beja às 10h da manhã.
Os relatórios deverão ser-nos entregues até a hora marcada de partida. Estarei na escola a partir as 9h30.
Não nos responsabilizamos por quem não entregue a tempo da saída.

Élvio Correia